Eu detestava ver meus pais brigarem, ficava triste e ia para o quarto chorar, tampava os ouvidos grudava na minha coelhinha de pelúcia (na qual tenho até hoje) e chorava, dizia pra ela que eu não queria mais ouvir aquilo, e rezava para que aquela gritaria acabasse. Elas sempre acabavam e em meia hora já estava tudo bem de novo. Não entendia como meus irmãos não davam bola, depois das discussões, as coisas iam se amenizando e eu esquecia muito facilmente de tudo aquilo. Ah que saudade de ser uma criança que acreditava que a felicidade existia o tempo todo, era bom chegar em casa da escola e ouvir o pai e a mãe mandarem a gente fazer a tarefa, ou ter aquela sopinha bem quentinha pronta no prato, pular corda sem vergonha do que os visinhos vão dizer, jogar a bola no outro lado do muro e ter medo de pedir para devolverem, trazer os amiguinhos todos para sua casa, rir e brigar e mandar eles todos embora, e ficar triste porque não tem mais ninguém pra brincar. Ter a brilhante idéia de brincar de escolinha com seu irmão, tirar todos os livros e coisas do armário, arrumar tudo e na hora de brincar mesmo, perder totalmente à vontade, e depois guardar tudo de novo. Encher balão e fica jogando com a parede ou no corredor da casa, ficar sozinha no quarto de brinquedos e ficar pensando o que eu vou ser quando crescer. Sonhar em ser cantora ou em fazer novelas, brincar de casinha sozinha pela casa, cuidar das bonecas, dar comida, cortar o cabelo delas e fingir que tem um marido que te ama, Ter a inocência de ver uma novela ou um filme e achar que os finais felizes existem na vida real. Não estou dizendo que não existem, mas, quem dera fosse fácil como à TV. Ir dormir cedo, depois de um dia cansativo de muitas risadas e brincadeiras, e acordar mais cedo ainda pra jogar vídeo – game, e comer sucrilhos. Ai chega a parte que mais me da saudade, almoçar todos os dias com o pai e com a mãe, comer uma comida quentinha e preparada com amor e não qualquer coisa rápida na hora do almoço ou as vezes até nem comer nada. Sinto falta dos desenhos animados de manhã, de reclamar por ter que lavar a louça, de fazer as tarefinhas da escola, sinto falta de deitar e acordar a hora que eu quiser, sinto falta das bonecas, dos maridos imaginários, dos amiguinhos nas festas de adversário, sinto falta de ser criança.
Que texto maravilhoso querida! Também sint falta de minah ingenuidade e criança. Lembrei da Musica The only Exception, de Paramore. Quando tiver tempo leia a tradução se parece um pouco com seu texto. Enfim, vc fanhou mais uma seguidora. E obrifada pelo seu comentario no meu post.
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